sábado, 4 de abril de 2015

As lições de Gabe Newell no Combate à Pirataria


Há vários motivos para se admirar Gabe Newell. Co-fundador da companhia americana de jogos Valve, responsável por séries como Half-life, Portal e Team Fortress, e uma das mentes por trás da plataforma de distribuição de jogos Steam, Gabe sempre possuiu uma mente revolucionária no que se refere à entretenimento digital. Em entrevista dada em 2009 para o programa de TV Good Game o produtor deu sua opinião acerca da pirataria e os meios ideais de se combatê-la e hoje, 6 anos depois, tais comentários não poderiam ser mais verdadeiros.

Na sua argumentação ele foca em três pontos: a concepção errônea sobre quem é o "pirata"; o fato da pirataria ser um problema de prestação de serviço e não de preço e; o sistema DRM mais prejudicar as vendas de conteúdo digital do que garantir os direitos do titular da obra autoral.

Quanto ao primeiro ponto ele argumenta que o "pirata" de mídias digitais na maioria dos casos possui as condições financeiras para adquirir um produto legítimo e estaria disposto a fazê-lo. Gosto do exemplo dessa notícia e dessa (em inglês), pois elas associam a pessoa que burla o bloqueio geográfico para pagar pelo serviço desejado a um "pirata de VPN".

A pessoa disposta a pagar pelo produto, na concepção de Gabe, só não o faz por conta da prestação de serviço pirata ser mais eficiente que a das detentoras do conteúdo. Enquanto por vias legais um jogo, em seu exemplo, leva mais de 3 meses a partir de seu lançamento em solo americano para ser traduzido e levado para solo russo onde o jogador somente poderá adquirí-lo em determinadas lojas, por vias 'alternativas' essa mídia estará disponível de forma imediata e acessível. O crescimento de serviços como o Netflix e o Spotify serve, do mesmo modo, como prova de que os usuários estão dispostos a pagar por uma prestação rápida e eficiente.

Por fim, ele destaca que o sistema de proteção de cópias faz mais mal do que bem, pois limita as ações do usuário final ao não permitir que ele faça uso de seu direito de uso privado sobre a obra da maneira que desejar. Um estudo publicado em 2013 demonstra que a remoção da proteção por DRM pode aumentar as vendas de músicas de 10% a 30%, dependendo da especificidade do conteúdo.

A lição que Gabe Newell nos deixa é que a pirataria não seria o problema em si, mas sim o principal sintoma da má distribuição de conteúdo realizada pelas grandes detentoras de conteúdo como Hollywood e Universal, as quais nos exemplos colacionados pelos links ainda demonstram serem muito fechadas à inovação.

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